Desculpe, importa-se de sair da frente?
- Nuno Oliveira
- 26 de abr. de 2020
- 2 min de leitura
Artefacto
Sabem quando estão num cinema, e depois do filme começar, senta-se uma girafa à vossa frente? Ou quando ouvem no carro uma notícia na rádio, e no momento em que querem perceber essa informação, um dos filhos que vai atrás grita: "Papá! Já chegámos"? Um artefacto é quase isso.
Ou seja, um artefacto é uma entidade observada numa imagem reconstruída de uma TAC, mas que não está presente na região examinada. Algo como isto:
Talvez seja mais isto...


Surgem por diferenças entre a condição física existente no momento do exame e a formatação matemática usada na reconstrução 3D. Podem ocorrer por movimento do paciente durante a toma do exame, ou pela presença na boca de estruturas metálicas (implantes, restaurações), que são materiais densos e com um elevado número atómico, no FOV que usamos, causando o conhecido fenómeno de "beam hardening".
A presença de artefactos prejudica a qualidade das imagens, aumenta o tempo necessário para as interpretar (muitas vezes esconde estruturas anatómicas na zona que estamos a analisar), e reduz ou impossibilita a precisão de um diagnóstico.
E como os eliminamos?
Antes da realização da CBCT, temos duas hipóteses:
Os equipamentos mais recentes permitem activar ferramentas digitais de redução dos artefactos, de uma forma fácil, sem alteração da dose de radiação. Os fabricantes não explicam muito bem como funciona essa ferramenta, mas aparentemente é aplicado um intervalo correspondente à média dos valores de escala de cinza da imagem, e qualquer área muito mais ou menos densa do que esse intervalo é corrigida. A optimização da imagem algumas vezes fica aquém do esperado, e obriga a um aumento do tempo de reconstrução da imagem.

A segunda hipótese é efetuar o ajuste dos parâmetros de exposição do equipamento para gerar fotões de maior energia, aumentando a kilovoltagem (kVp). Um valor mais elevado de kVp pode melhorar a qualidade da imagem, mas aumentará a dose de radiação para o paciente. Esta opção deve ser limitada aos casos cujo aumento dessa qualidade contribua para um melhor diagnóstico.

Depois da realização da CBCT, podemos utilizar ferramentas de software como por exemplo as de edição e ajuste de malhas, para fusionar o ficheiro DICOM do volume onde se encontra o artefacto com o ficheiro STL do modelo correspondente. O posterior isolamento do defeito e o uso de um algoritmo de subtração consegue a sua remoção. Há que ter em conta o desvio de precisão do modelo final, inerente ao processo de fusão dos dois ficheiros, que mesmo sendo mínimo, existe!

Nuno Oliveira
www.abcdacirurgiaguiada.pt
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